sábado, 28 de novembro de 2009

As quatro semanas do «Advento» do Natal

Imagem e texto retirados das notícias da Agência Ecclésia

As quatro semanas do «Advento» do Natal

Este fim-de-semana marca o início do tempo do Advento, um dos denominados "tempos fortes" do ano litúrgico. A sua história, no Rito Romano, começa no Século VI, no sentido de espera jubilosa do Natal, e a sua pré-história remonta às Gálias e à Espanha dos fins do Século IV, como preparação ascética para o Natal e a Epifania.


No Século V o começo do Advento era na festa da Anunciação (18 de Dezembro - hoje, a Anunciação é comemorada em a de Março). Apenas no Século X o seu início passou a ser no Domingo, quatro semanas antes do Natal.


O tempo litúrgico de preparação para o Natal começa no domingo mais próximo da festa de Santo André Apóstolo (30 de Novembro) e abarca os quatro domingos seguintes. O primeiro Domingo pode começar desde o dia 27 de Novembro - o Advento terá 28 dias - até o dia 3 de Dezembro - como este ano, caso em que terá apenas 21 dias.


A "feliz expectativa" do Advento assinala de forma clara que o tempo da festa não chegou; aliás, no início do Cristianismo a palavra "adventum" (“parusia”, em grego) utilizava-se para denominar não a primeira vinda de Jesus, mas a sua vinda definitiva no fim dos tempos, como Senhor do Universo.


Quem participar nas celebrações dos primeiros três Domingos do Advento notará que esta perspectiva continua a dominar, com destaque para os profetas e para João Baptista. No entanto, a partir do dia 17 de Dezembro, a preparação do Natal fixa-se nos antecedentes próximos do nascimento de Jesus e na figura da Virgem Maria, com as célebres antífonas do "Ó" na Liturgia das Horas ou as tradicionais "missas do Parto", na ilha Madeira.


Do Oriente para o Ocidente
Apesar desse Tempo ser muito peculiar nas Igrejas do Ocidente, o seu impulso original provavelmente veio das Igrejas Orientais, onde era comum, depois do Concílio Ecuménico de Éfeso em 431 dedicar sermões nos domingos anteriores ao Natal, ao tema da Anunciação. Em Ravena, na Itália (onde era grande a influência Oriental) São Pedro Crisóstomo fazia esses sermões.


A primeira referência sobre o Advento é a do Bispo de Tours, França, chamado Perpétuo (461-490) que estabeleceu um jejum antes do Natal, que começava a 11 de Novembro (Dia de São Martinho de Tours). O Concílio de Tours (567) faz menção ao tempo do Advento, costume que se conhecia como a "Quaresma de São Martinho".


Este carácter ascético para a preparação do Natal devia-se à preparação dos catecúmenos para o Baptismo na festa da Epifania. Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 Domingos.


Um período de seis semanas foi adoptado pelas Igrejas de Milão e pelas Igrejas da Espanha. Na Itália somente aparece no século VI, quando foi reduzida, provavelmente pelo Papa São Leão Magno (590-604), para as quatro semanas antes do Natal.


O Advento é hoje celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal os fiéis se unam aos anjos e entoem este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós.
Pelo mesmo motivo, o directório litúrgico orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, "para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus".
As vestes litúrgicas (casula, estola, etc.) são de cor roxa, bem como o pano que recobre o ambão, como sinal de conversão em preparação para a festa do Natal, com excepção do terceiro domingo do Advento, Domingo da Alegria, cuja cor tradicionalmente usada é o rosa, para revelar a alegria da vinda do libertador que está próxima.


Lugar espiritual
Em 2008, na celebração inicial do Advento, Bento XVI citava um texto no qual Paulo exorta os cristãos de Tessalonica a conservar-se irrepreensíveis "para a vinda" do Senhor. Ali lê-se "na vinda" (en tê parousia), como se, frisou o Papa, “o Advento do Senhor fosse, mais que um ponto futuro do tempo, um lugar espiritual pelo qual caminhar já no presente, durante a espera, e dentro do qual precisamente ser conservados perfeitos em cada dimensão pessoal”.


“A palavra que resume esta condição particular, em que se espera algo que deve manifestar-se, mas que ao mesmo tempo se entrevê e se antegoza, é «esperança». O Advento é por excelência a temporada da esperança, e nele a Igreja inteira é chamada a tornar-se esperança, para si mesma e para o mundo”, disse.

Octávio Carmo

domingo, 8 de novembro de 2009

D. António Sousa Braga quer empenhamento mais esclarecido e comprometido dos cristãos


A Igreja Católica nos Açores celebra a partir do próximo dia 8 a semana da Diocese, num difícil contexto socioeconómico.
D. António Sousa Braga, Bispo de Angra, considera que a actual crise "não é só económica e financeira, mas também espiritual”. Em Nota Pastoral a respeito da semana da Diocese, este responsável assinala que o mundo em “profunda mudança e em grande crise” exige “um empenhamento mais esclarecido e comprometido dos cristãos na sociedade, com o testemunho de vida evangélica, que, promovendo valores de humanidade, torne possível uma sociedade mais justa e fraterna”.
A este respeito, D. António Braga lembra “o ideal de militância da Acção Católica, de que ocorre, a 7 de Novembro de 2009, os 75 anos de presença em Portugal”.
Citando a última encíclica de Bento XVI, Caritas in veritate, o Bispo dos Açores sublinha que “é preciso corrigir os mecanismos perversos da economia de mercado, com a lógica da gratuidade e da solidariedade, da partilha e fraternidade”.
A diocese de Angra está a celebrar os 475 anos da sua fundação (3 de Novembro de 1534 pela bula Aequum reputamos de Paulo III). O valor recolhido no ofertório do fim-de-semana de 7 e 8 de Novembro destina-se à Diocese, que “continua a envidar esforços, no sentido de saldar a dívida acumulada”.
No ano passado, o ofertório, realizado nessa mesma ocasião, rendeu 24.963 Euros. “Os tempos são difíceis e de crise” sublinha D. António Sousa Braga, apelando para “a entreajuda e partilha” ajudando “a saldar a dívida acumulada” pela Igreja nos Açores.
“Não podemos olhar para a Igreja, como uma instituição humana qualquer e muito menos com critérios meramente empresariais”, indica.
A Semana de celebrações engloba a realização do Conselho Diocesano de Pastoral (CDP) entre 6 e 8 de Novembro com o objectivo de “avaliar o caminho pastoral percorrido e propor prioridades para o próximo quinquénio”. Ao mesmo tempo, celebram-se os 150 anos do seminário episcopal de Angra, que no ano lectivo 2009/10 conta com 22 alunos.
"Não são grandes números, como antigamente, mas vamos equilibrando as forças. Temos de saber dar graças a Deus e, neste Ano Sacerdotal, redobrar a nossa oração e acção pelas vocações sacerdotais", assinala o Bispo de Angra.
In Agência Ecclésia
Nota Pastoral do Bispo de Angra
“SOMOS A IGREJA DE CRISTO”
1. De 8 a 15 de Novembro p.f., vamos celebrar a Semana da Diocese. No contexto da comemoração dos 475 anos da criação da Diocese de Angra (3 de Novembro de 1534). Será um momento especial de acção de graças e também de balanço e de revisão de vida, para continuarmos a ser sempre mais e melhor a Igreja de Cristo nos Açores.
Nesse sentido, vai realizar-se, no fim-de-semana anterior (6, 7 e 8 de Novembro), o Conselho Pastoral Diocesano, com o objectivo de avaliar o caminho pastoral percorrido e propor prioridades pastorais para o próximo quinquénio. Num mundo em profunda mudança e em grande crise. Que não é só financeira e económica. Mas também espiritual. A exigir um empenhamento mais esclarecido e comprometido dos cristãos na sociedade. Com o testemunho de vida evangélica, que, promovendo valores de humanidade, torne possível uma sociedade mais justa e fraterna.

Foi o ideal de militância da Acção Católica, de que ocorre, a 7 de Novembro de 2009, os 75 anos de presença em Portugal.
É o que nos recomenda o Papa Bento XVI, na recente Encíclica “Caritas in Veritate”: é preciso corrigir os mecanismos perversos da economia de mercado, com a lógica da gratuidade e da solidariedade, da partilha e da fraternidade. “Somos a Igreja de Cristo”: o Seu caminho é também o nosso caminho

Precisamente para sintonizarmos a nossa caminhada pastoral, em Igreja, Os Directores e Assistentes Espirituais dos Serviços Diocesanos de Pastoral vão reunir-se em Angra, nos dias 5 (à noite) e 6 de Novembro (todo o dia).

A 14 de Novembro, haverá nas Obras Católicas de Angra, o Encontro Anual dos Movimentos Eclesiais, que são, na actualidade instâncias eficazes de formação e de empenhamento cristãos.
Sempre dentro desta perspectiva de presença cristã no mundo e a concluir a Semana da Diocese, realizar-se-á a Assembleia Geral da Caritas Diocesana, no Lar Santa Maria Goretti (S. Pedro de Angra), de 13 (à noite) a 15 de Novembro.

Iniciamos a Semana da Diocese, no Domingo, 8 de Novembro, com o já tradicional Dia da Igreja Diocesana, que, neste quadro das comemorações dos 475 anos da criação da Diocese, assume um significado muito especial. Deve ser assinalado, em todas as Paróquias ou a nível de Ouvidoria. Como expressão de comunhão eclesial, o ofertório das Missas desse fim-de-semana destina-se à Diocese.

No ano passado, o ofertório, realizado nessa mesma ocasião, rendeu Euros 24. 963, 14 (vinte quatro mil novecentos sessenta e três euros e catorze cêntimos). Os tempos são difíceis e de crise. Demo-nos as mãos na entreajuda e na partilha! A Diocese continua a envidar esforços, no sentido de saldar a dívida acumulada. Mas a vida não pode parar. Paróquias do Pico e do Faial continuam empenhadas na reconstrução de igrejas e estruturas paroquiais. A Diocese, além dos encargos dos serviços centrais, está empenhada no restauro e ampliação do Centro Pastoral Pio XII em S. Miguel.

2. Neste Ano Sacerdotal, além de procurarmos acompanhar mais de perto a situação e condições de trabalho dos nossos sacerdotes, queremos empenharmo-nos mais na Pastoral Vocacional. A Semana da Diocese coincide com a Semana dos Seminários. Poderão enriquecer-se uma à outra. Queremos, pois, na Semana da Diocese intensificar a nossa oração e acção pelas vocações sacerdotais. E a Semana dos Seminários só ganha com o aprofundamento do espírito de Igreja e da sensibilidade pela Igreja Particular. Para isso muito tem contribuído o Seminário Episcopal de Angra, prestes a comemorar os 150 anos de fundação (Novembro de 1862).

Neste ano lectivo 2009/10, o nosso Seminário conta com 22 alunos, assim distribuídos: 2 no 6º ano; 6 no 4º ano; 4 no 3º ano; 2 no 2º ano; 4 no 1º ano; 4 no Secundário. Portanto, temos menos 2 seminaristas do que no ano passado, tendo presente que, no fim do ano lectivo passado, 5 completaram o curso e foram ordenados e 1 suspendeu a matrícula. Assim saíram 6 seminaristas e entraram 4. Não são grandes números, como antigamente, mas vamos equilibrando as forças. Temos de saber dar graças a Deus e, neste Ano Sacerdotal, redobrar a nossa oração e acção pelas vocações sacerdotais. A Semana dos Seminários é ocasião propícia para isso. Como o será também a Quinzena Vocacional, à volta do Domingo do Bom Pastor. Lembro que o ofertório em favor do Seminário Episcopal será feito nessa altura.

3. Concluindo, queria lembrar o princípio essencial da visão cristã da vida: o Primado da Graça. “Somos a Igreja de Cristo”: sinais e instrumentos do Mistério da salvação de Deus, que se realiza em Cristo, por meio da acção pastoral da Igreja. Como advertia o Papa João Paulo II, há uma tentação que sempre nos insidia: «pensar que os resultados dependem (unicamente) da nossa capacidade de agir e de programar. É certo que Deus nos pede uma real colaboração com a Sua graça (…), mas ai de nós, se esquecermos que “sem Cristo, nada podemos fazer” (cf. Jo 15, 5)» (Novo Millenio Ineunte, 2001, nº 38).

Não podemos olhar para a Igreja, como uma instituição humana qualquer e muito menos com critérios meramente empresariais. O cansaço e o desencanto, que às vezes nos invadem, devem-se, além do resto, a algum deficit de espiritualidade. Quando não se tem em conta o Primado da Graça – advertia o Papa João Paulo II - «não há que maravilhar-se se os projectos pastorais se destinam ao falimento e deixam na alma um deprimente sentido de frustação. Repete-se então aquela experiência dos discípulos narrada no episódio evangélico da pesca milagrosa: “Trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos” (Lc 5, 5). Esse é o momento da fé, da oração, do diálogo com Deus, para abrir o coração à onda da graça e deixar a palavra de Cristo passar por nós com toda a sua força: Duc in altum» (Id., Ibid.)!

«Faz-te ao largo»! Para o mar agitado da vida humana. Onde acontece a «pesca milagrosa».
Não podemos senão repetir, com e como S. Pedro, as palavras da fé: «À Tua Palavra, lançarei as redes» (Lc 5, 5). Com confiança e fidelidade.

+ António, Bispo de Angra
Angra, 15 de Outubro de 2009.